Um médico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, foi formalmente denunciado por assédio moral contra servidores da instituição, com foco principal na chefe de Enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulta. A denúncia está sendo investigada internamente pela universidade, e ambos os profissionais foram afastados preventivamente de suas funções até a conclusão do processo.
Os episódios de assédio contra a chefe de Enfermagem se arrastam desde outubro de 2022, envolvendo situações de constrangimento público e exposições vexatórias. Em um dos episódios relatados, o médico teria expulsado toda a equipe de enfermagem da sala de reuniões da UTI, em um ato considerado humilhante. Segundo a denúncia, o profissional mantinha uma postura sistemática de desmoralização, evitando contato direto com a chefe da enfermagem, desautorizando suas decisões e contribuindo para o seu isolamento no ambiente de trabalho.
A reportagem tentou ouvir a profissional citada, mas ela preferiu não se pronunciar. O portal também busca contato com o médico denunciado. Em nota oficial, o Hospital das Clínicas confirmou a instauração de um processo interno para apurar as denúncias e informou que a investigação ocorre sob sigilo. “Dois profissionais foram afastados preventivamente enquanto ocorre essa avaliação”, destacou o comunicado.
Protesto contra assédio moral reúne dezenas de profissionais
Dezenas de enfermeiros se reuniram em frente ao Hospital das Clínicas em protesto contra o assédio moral. Os profissionais cobraram providências da direção e demonstraram apoio à chefe de Enfermagem da UTI Adulta.
Antes do ato, colegas da profissional também haviam se mobilizado em manifestação simbólica. Uma faixa com os dizeres “Chefe assediador! Não! Os profissionais da UTI Adulto estão adoecidos” foi colocada na entrada do hospital. No entanto, segundo relatos de funcionários, a direção da unidade retirou o material cerca de uma hora após sua instalação.
Sindicato cobra apuração rigorosa e denuncia novos casos
O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior de Goiás (SINT-IFESgo), Fernando Mota, informou que um documento foi entregue à direção do hospital exigindo esclarecimentos sobre a condução da apuração. O sindicato também solicitou informações sobre outras possíveis denúncias de assédio moral envolvendo diferentes setores da instituição.
Relatório da Justiça Federal revela panorama preocupante
Em paralelo, um relatório divulgado neste ano pela Justiça Federal revelou que o problema do assédio moral, sexual e da discriminação também atinge o sistema judiciário em Goiás. O levantamento, baseado em questionários anônimos preenchidos por servidores, terceirizados, juízes e estagiários da seção judiciária do estado, identificou que ao menos 43 pessoas foram vítimas desses tipos de violência, sendo os juízes federais apontados como autores em diversas ocorrências.