Justiça de São Paulo acatou um pedido do Ministério Público do Estado (MPSP) e determinou, na última terça-feira (5), o arquivamento do inquérito policial que investigava a suposta prática de peculato por parte do delegado Carlos Alberto da Cunha, conhecido por seus seguidores nas redes sociais como Delegado Da Cunha. A informação foi publicada nesta quinta-feira (07) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a Polícia Civil, Da Cunha vinha usando a estrutura da própria delegacia que comandava para gravar e editar seus vídeos, que eram depois divulgados em seu canal particular no YouTube, angariando uma legião de seguidores.
Na mesma decisão, no entanto, o juiz Fabio Pondo de Matos determinou a continuidade das investigações sobre eventuais crimes de abuso de autoridade e violação de sigilo funcional por Da Cunha, segundo a Folha. Ficou determinado também que o Ministério Público de São Paulo seja informado sobre o andamento do inquérito, para que possa apurar eventual improbidade administrativa praticada pelo policial influencer.
Ainda segundo a reportagem, a promotora do caso, Kátia Peixoto Villani Pinheiro Rodrigues, argumentou que, embora tenha ficado devidamente demonstrado o uso da estrutura policial para gravar vídeos e que seja “deveras grave a conduta do indiciado”, não houve incorporação de bens públicos ao patrimônio do delegado ou de terceiros. Assim, para ela, não ficou caracterizado o crime de peculato.
“Registro que não se trata de desconsiderar a gravidade dos fatos apurados. Ocorre que, no âmbito criminal, os fatos não se amoldam a um tipo penal, remanescendo, por óbvio, a devida apuração da improbidade administrativa, nos termos do art. 9º, IV, da lei n.° 8.429/92”, escreveu.
Além do uso da própria estrutura da Polícia Civil para produzir e promover seus vídeos, de acordo com a investigação da Corregedoria e do próprio Ministério Público, os policiais civis que trabalhavam com Da Cunha denunciaram que o delegado simulava prisões de suspeitos apenas para gravar vídeos e publicá-los na internet. Recentemente, Da Cunha passou a ser investigado ainda por lavagem de dinheiro, por supostamente ocultar R$ 500 mil pagos a ele por um empresário do ramo de sucatas, que seria um investidor do canal.
Com informações do jornal O Globo.