Na manhã desta terça-feira (06), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista para a rádio CBN, que poderá apoiar qualquer nome que demonstre capacidade e popularidade para derrotar Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) nas eleições presidenciáveis de 2022.
Fernando Henrique, que foi presidente da República por dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002), acredita que tanto Bolsonaro quanto Lula não conseguem passar sentimento de construção futura. Um trabalha por um pequeno grupo, enquanto o outro está preso ao passado.
“O histórico desse presidente [Bolsonaro] é um histórico de um homem que também é onesided, olha para um lado só. Mesmo aqui dentro. Não é um presidente de todos nós. É um presidente do grupo dele, da família dos amigos, dos partidários e tal. Mas ele não tenta expressar, ele vê o outro como inimigo e não como adversário.”, afirmou o tucano.
FHC ao dizer que acredita estar na hora do ex-presidente Luiz Inácio passar o bastão, afirmou que para o jogo político presidencial seria melhor alguém que fosse novo. Ressaltou também a incerteza da candidatura de Lula, diante dos processos que envolvem o petista.
Ao ser questionado sobre o que pensa da atual situação política no governo federal, após as mudanças ministeriais e nas forças armadas que ocorreram na semana passada e que fizeram surgir angústia na população, FHC disse acreditar que as forças armadas brasileiras não darão um golpe de estado. Ele disse acreditar também que Jair Bolsonaro queira ser reeleito, mas que seja dentro das normas. Afirmou que é importante respeitar as instituições e fazer com que as pessoas evoluam enquanto expressou sua avaliação do presidente: “Eu não concordo com o presidente em quase nada”.
Para FHC o presidente da República minimizou o problema da pandemia: “(É uma gripezinha.) Não é uma gripezinha, é uma pandemia. É uma coisa que mata. Então, muitos brasileiros já morreram”. “E o governo tentou no início dar a sensação de que era tudo passageiro. Não é passageiro. Vai ter efeitos.”, afirmou Fernando Henrique.
Mesmo diante das duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro e com o conhecimento de décadas de vida pública, o ex-presidente octogenário disse que prefere que Bolsonaro complete o mandato, pois no país já tiveram outros impeachments e que deixam ‘marcas’.
Para Fernando Henrique Cardoso a solução política do Brasil pode vir do centro. Mas de um centro que se posiciona, principalmente em favor da democracia. “É necessário que o candidato, independentemente dos partidos, expresse um sentimento de futuro. Você não ganha eleição com passado, você ganha eleição com futuro. Então você tem que ter alguém que expresse sentimento de futuro e esse futuro vai estar agora altamente prejudicado pela saúde pública, pela questão da concentração de renda e pelo desemprego. Alguém vai ter que expressar isso. E quem expressar pode levar.”, pontuou o ex-presidente.
FHC vê que outros nomes podem sair candidatos, mas ressalta que é importante a união do centro, pois a polarização de candidatos faz com que a eleição fique entre os dois principais nomes (Bolsonaro e Lula). Para ele o apresentador Luciano Huck (sem partido) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), têm chances de saírem candidatos à presidência. Luciano Huck tem popularidade, mas “tem que demonstrar vontade política”, enquanto Eduardo Leite tem mais experiência, “pois quem foi governador tem mais traquejo”.
Outros dois nomes do centro que foram destacados por FHC para disputarem às eleições são de Ciro Gomes (PDT) pela linha centro-esquerda e João Dória (PSDB) pela linha centro-direita. Fernando Henrique, dentre os dois nomes, prefere o governador de São Paulo, mas afirmou que se houvesse uma união para vencer com Ciro como candidato, o apoiaria.