Doze anos após a vítima procurar a polícia, a Justiça deferiu o mandado de prisão preventiva contra um homem de 48 anos, na última quarta-feira (18), por abusar sexualmente da sua filha quando ela ainda era menor. O caso aconteceu em Minas Gerais.
“Os abusos começaram quando eu tinha uns 3 anos, tinha um shortinho vermelho e listrado e lembro dele esfregando as partes íntimas em mim. Quando eu entrei na adolescência, precisava de um uniforme escolar e meu pai disse que só compraria se eu deixasse ele me chupar”, relatou Mariana (25), ao portal G1.
Mariana também contou que até os 3 anos de idade, morava com a avó pois o homem não gostava de choro de criança. Depois dessa idade, os abusos de uma década começaram. A mãe fazia faxinas na casa de uma família e, sempre que ela saía, o pai avançava.
“Meu pai trabalhava em obra e ficava comigo quando minha mãe saía para trabalhar. Ele entrava no meu quarto e cometia os abusos. Cheirava as minhas calcinhas, beijava a minha boca. Fui crescendo e vendo que aquilo não estava certo. E ele sempre dizia que eu não podia contar porque minha mãe e eu não conseguiríamos viver sem ele pela questão financeira”, conta ela.
A denúncia aconteceu quando Mariana pediu um uniforme escolar ao pai e ele afirmou que só compraria caso ela deixasse ele abusar dela. Foi quando ela contou para a mãe o que estava acontecendo. “Minha mãe pediu para eu gravar, ele repetiu isso e fomos à delegacia. Depois da denúncia, meu pai se recusou a sair de casa e fui morar novamente com minha avó. Depois de alguns meses, ele saiu e voltei para ficar com a minha mãe”, afirma.
Denúncia foi feita doze anos atrás
Ao portal G1 de Minas a Polícia Civil explicou que após a denúncia, quando Mariana ainda era adolescente, todos os procedimentos foram realizados. “Foi colhido o relato dela, da mãe, foram realizadas diligências, perícia na gravação apresentada. Naquele momento não tinham requisitos para efetuar a prisão dele, mas as investigações foram realizadas, ele foi indiciado e virou procedimento criminal”, explicou a delegada Renata Ribeiro, chefe da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher ao Idoso e a Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerâncias.
Segundo a polícia, após a prisão, o homem negou os abusos. “Ele negou também que tenha ameaçado a vítima, que estivesse rondando a casa dela. No entanto, admitiu que estava morando próximo à casa da filha e já tinha tomado conhecimento, há cerca de um mês, da medida protetiva”, contou a delegada Larissa Mascotte, que efetuou a prisão do suspeito.
Durantes esses anos, Mariana não manteve contato com o pai e chegou até solicitar uma medida protetiva após ele se mudar para a mesma rua em que ela mora. Após a prisão, Mariana se sentiu aliviada. “Eu agradeço demais à equipe da delegada Larissa, que fez a prisão hoje. Desde o início deste ano faço acompanhamento com psicólogo, o que ele fez me deixou marcada, não confio mais em ninguém. A pessoa em que eu poderia confiar me decepcionou. Poxa, ele é o meu pai. Ele fez isso comigo. O meu pai”, desabafou ela.