A Câmara Municipal de Goiânia enfrenta um novo embate político com ações movidas por ex-vereadores contra colegas de partido, ampliando o clima de instabilidade já presente no cenário político local. As disputas envolvem Leandro Sena (Solidariedade) e Kleybe Morais (MDB), que questionam os mandatos dos vereadores Léo José (Solidariedade) e Pedro Azulão Jr. (MDB), respectivamente.
As ações ocorrem em um momento de reconfiguração do Legislativo Municipal, marcado por cassações recentes de parlamentares, especialmente por irregularidades na cota de gênero, e um ambiente de forte judicialização da política.
Acusações e Disputas Internas
Leandro Sena ingressou com um recurso contra a expedição do diploma de Léo José, alegando que o vereador estaria inelegível devido a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no Ministério do Trabalho. A contestação pode levar à revisão do mandato de Léo José, caso a Justiça Eleitoral entenda que há fundamentos para a inelegibilidade.
Já Kleybe Morais ajuizou uma ação de impugnação de mandato contra Pedro Azulão Jr., acusando-o de fornecer informações falsas sobre sua filiação partidária. Segundo Morais, haveria indícios de fraude eleitoral, o que poderia comprometer a legitimidade do mandato de Azulão.
Um Legislativo Marcado por Instabilidade
A Câmara de Goiânia tem sido palco de intensas disputas políticas e jurídicas. A última legislatura foi marcada por cassações em série, com sete vereadores perdendo seus mandatos por irregularidades relacionadas à cota de gênero. Além disso, partidos como Democracia Cristã (DC), PDT, PRTB, PP, PT e Mobiliza também enfrentam processos judiciais, evidenciando um cenário de instabilidade que extrapola os casos individuais e atinge todo o sistema político municipal.
O uso frequente da Justiça Eleitoral para contestar mandatos tem gerado um ambiente de insegurança institucional, onde os eleitos enfrentam constantes desafios à sua permanência no cargo. Esse contexto reforça a fragilidade dos acordos partidários e a crescente influência do Judiciário nas decisões políticas.
Posicionamentos e Expectativas
Diante das ações, os vereadores contestados adotam posturas distintas. Léo José afirmou não ter conhecimento do processo movido contra ele e criticou ações que, segundo ele, desestabilizam a democracia. Já Pedro Azulão Jr. declarou estar tranquilo e prometeu se manifestar em breve sobre a acusação de fraude na filiação partidária.
Por outro lado, Kleybe Morais defende que sua ação é fundamentada e aponta para uma possível irregularidade eleitoral cometida por Azulão, reforçando que a disputa não se trata apenas de questões internas do partido, mas de respeito às normas eleitorais.
A crescente tendência de levar disputas partidárias ao Judiciário tem provocado debates sobre os limites entre a fiscalização da legalidade e o uso estratégico da Justiça para reverter resultados eleitorais. Enquanto parte dos atores políticos vê essas ações como uma forma legítima de garantir lisura no processo democrático, outros alertam para o risco de transformar a arena eleitoral em um campo permanente de batalhas jurídicas.
Independentemente do desfecho dos casos envolvendo Léo José e Pedro Azulão Jr., o episódio reflete as dificuldades do sistema partidário brasileiro em lidar com suas próprias regras e disputas internas, ampliando a incerteza sobre a composição da Câmara Municipal de Goiânia nos próximos meses.