Segundo dados de 2021 do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), o Brasil tem 4.224 crianças disponíveis para adoção. Contudo, 80% (3.382 crianças) destas, não se encaixam no perfil buscado pelos 32.947 pretendentes. A Vara da Infância e Juventude de Goiânia afirma que tem 88 crianças disponíveis para adoção, destas 12 estão na Capital.
Agnes de Oliveira de dois anos é um desses casos de adoção atípica que teve um final feliz. Ela é negra e tem T-21, caracterizado pela Síndrome de Down. A engenheira de alimentos e mãe de Agnes, Paola de Oliveira, conta que sempre teve o desejo de adotar uma criança como Agnes. “Quando eu era adolescente sonhava com uma menina bailarina e com síndrome de down”, diz.
O esposo e pai de Agnes, Adalberto de Oliveira, afirma que o seu desejo pela adoção surgiu assim que conheceu Paola. “Foi um desejo diferente quando ela comentou comigo veio aquele baque, aquele sabe. Nós fomos levando, noivamos, casamos, e ao longo do tempo estudei sobre o tema, sobre Síndrome de Down, quando percebi estava apaixonado por pessoas com T-21”, relembra.
Segundo Paola, Agnes é “o melhor presente que a gente poderia ter ganhado na vida”. Contudo, o processo de adoção iniciado pelo casal goiano em 2020, foi desafiador. “O processo de adoção é um processo muito burocrático em todas as etapas”, conta. A mãe de Agnes afirma que o primeiro passo foi levar documentação na Vara da Infância, porém não encontraram sua bailarina aqui no estado de Goiás, então tiveram uma ideia. “A Paola teve a ideia de fazer uma campanha nas redes sociais pra que nós conseguíssemos encontrar nossa filha, nossa bailarina”, explica Adalberto.
O casal optou por fazer a busca ativa por sua filha. “Pedimos ajuda pros amigos e se eles soubessem de alguma criança destituída do poder familiar, uma criança de abrigo com as caracteristicas que buscavamos nos informassem”, releembra Paola. A família chegou a fazer um banner de “procura-se”, para ser divulgano nas redes sociais, o que o casal não imaginava a repercussão.
“Esse banner rodou o país inteiro, as vezes a gente ligava em algumas comarcas e eles já tinham recebido por outras pessoas, até que no Estado de onde a Agnes veio, em São Paulo, na comarca que ela estava, eles receberam o banner e nos ligaram para confirmar”, conta Paola.
Quando Paola e Adalberto encontram Agnes, ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O casal não desistiu de Agnes e assumiu a responsabilidade de acompanhá-la numa cirurgia. “Eles precisavam de encontrar pais para ela antes da cirurgia, para que ela tivesse acompanhantes para cirurgia, então confirmamos que de fato a queria muito. Pois Agnes era exatamente nosso perfil”, conta. “Na semana seguinte já estavamos lá com ela”, completa a mãe de Agnes.
Adalberto lembra do dia que viram a pequena Agnes pela primeira vez. “No dia que nós conhecemos a Agnes foi exatamente o dia que ela completava 2 meses de vida, e foi um encontrou de almas, como costumamos falar”, conta. A engenheira de alimentos também não se esquece da emoção que sentiu naquele dia. “Foi o dia mais lindo da nossa vida, quando entramos na UTI e vi essa coisinha, bem pitititica que agora é grandona, mas ela era muito pequena e tava lá cheia de aparelhinho ligado, da UTI, a respiração era muito ofegante, tinha deficiência cardíaca que fazia com que a respiração dela ficasse deficiente também”, recorda.
Paola conta que atualmente Agnes faz acompanhamento médico. “Ela precisa de uma série de terapia e acompanhamento médico, nós vemos que faz toda diferença para ela e eu preciso me organizar para acompanhar-lá”, diz.
Para Adalberto, adoção é um ato de entrega. “Quando eu falo entrega, tô falando de entrega de corpo e alma, quando você decide adotar você faz uma entrega, seja de carinho, sentimento, tempo, investimento em todos os sentidos, então pra mim é uma entrega que você faz pra família pra quem tá sendo adotada e pro universo como um todo”, explica.
Já para Paola, “nada move mais a adoção que o amor, ela tem que ser feita baseada simplesmente no desejo puro do amor e foi isso que nos moveu e é isso que nos move todos os dias”. “Filho na verdade só é adotivo ou biológico antes da chegada, depois que chega é filho. Então não importa mais, é a mesma coisa, o mesmo sentimento por ele, por ela, é a mesma coisa”, conclui.
Recentemente, o casal se tornou pais biológicos de Júlio de Oliveira, hoje com quatro meses de vida. Paola conta como é a relação de Agnes e Júlio. “Como em toda relação de irmãos, Agnes tem ciúmes. Deseja sempre pegá-lo no colo”, afirma.
25 de maio – Dia Nacional da Adoção
No Brasil, o Dia Nacional da Adoção foi oficializado a partir do decreto de lei nº 10.447, de 9 de maio de 2002. A Lei instituiu o 25 de maio como data oficial de celebração do Dia da Adoção no país.
A data tem o objetivo de promover a conscientização e o debate sobre um dos princípios mais importantes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o direito da convivência familiar e comunitária com dignidade.
Muitas crianças são abandonadas pelos pais biológicos. A adoção é uma solução para que essas crianças ou adolescentes tenham a oportunidade de conviver em um ambiente familiar.