São Paulo
Na última sexta feira (22) e sábado (23) aconteceram os desfiles das escolas de samba. No primeiro dia do evento na capital paulista os portões do Sambódromo do Anhembi foram abertos às 18h e quando o ponteiro apontou às 22h30 a primeira apresentação foi iniciada.
A Acadêmicos do Tucuruvi abriu alas com o enredo “Carnavais… De lá para cá o que mudou? Daqui para lá o que será?”, trazendo uma reflexão do passado, presente e futuro da festa que é um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
O segundo desfile foi da Colorado do Brás com “Carolina – A Cinderela Negra do Canindé”, em homenagem a Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras do país. O próximo enredo foi “Planeta Água”, entoado pela Mancha Verde que gritava a importância da preservação e valorização desse recurso natural.
No quarto e o quinto desfile estavam Tom Maior com “Pequeno Príncipe” e Unidos da Vila Maria que levou para a avenida “O mundo Precisa de Cada Um de Nós. A Vila é Porta-voz”.
O encerramento foi comandado pela Acadêmicos do Tatuapé e pela Dragões da Real. A primeira ressaltando a importância de uma das nossas mais cobiçadas especiarias: o café, através da simbologia do Preto-Velho. A última fechou as portas do primeiro dia de desfile na capital paulista ao homenagear o cantor e compositor conterrâneo Adoniran Barbosa, dono da inspiradora canção Trem das Onze.
Segundo dia
O segundo dia de desfile foi aberto com a Vai Vai, com “Sankofa” representando o reencontro do negro com suas origens. Já a Gaviões da Fiel, trouxe em seu enredo “Basta”, um grito contra todas as mazelas e injustiças sociais que permeiam a sociedade. A escola tem por rainha de bateria Sabrina Satto, corinthiana de coração, que foi um dos assuntos mais comentados desse carnaval ao desfilar por duas escolas na mesma noite, Gaviões em São Paulo e Vila Isabel no Rio de Janeiro.
A terceira escola da noite foi a Mocidade Alegre, homenageando a cantora Clementina de Jesus que teve seu primeiro disco gravado com mais de 60 anos de idade. A Águia de Ouro trouxe a cultura afro-brasileira.
Em sequência Barroca Zona Sul, homenageou Zé Pelintra, entidade dos cultos afro-brasileiros, e a Rosa de Ouro deu o que falar em “A cura” ao representar o presidente da república sendo vacinado e se transformando em jacaré.
O carnaval paulistano foi encerrado com a Império de Casa Verde, tendo por enredo “O Poder da Comunicação”, mostrando a expansão do meio durante o tempo.
Rio de Janeiro
A noite de sexta feira (22) na Sapucaí, marcou o reencontro das escolas de samba do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense brilhou junto da cantora Iza, desfilando em seu segundo ano consecutivo como rainha de bateria. A escola homenageou Arlindo Rodrigues, o responsável pelo primeiro título da Imperatriz em 1980.
A tradicional Mangueira também trouxe sua história para a passarela, celebrando a vida e a obra dos três grandes baluartes, Cartola, Jamelão e Delegado. O desfile surpreendeu o público quando os dançarinos tiveram sua repentina troca de roupas, revelando um novo figurino nas cores da escola: verde e rosa. Já a Salgueiro falou sobre resistência, destacando a luta da cultura negra carioca. A rainha da escola, Viviane Araújo, está há 15 (quinze) anos na frente da bateria, mas dessa vez desfilou com uma surpresa: um bebê na barriga.
São Clemente arrancou lágrimas homenageando o humorista Paulo Gustavo, que perdeu a batalha contra a Covid19 em maio de 2021. Nos carros estavam sua família, mãe, pai, viúvo e irmã, bem como amigos próximos e colegas de profissão. Foi a atual campeã, Viradouro, quem comandou o penúltimo desfile falando sobre pandemias como a gripe espanhola e a COVID-19.
O último desfile da noite foi Beija-Flor de Nilópolis. A terceira maior campeã trouxe para o desfile o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”. A apresentação exaltou a luta, conquistas e as artes das pessoas negras, incluindo a personalidade da própria escola. A tradicional azul e branca foi bastante comentada nos últimos dias ao convidar a ex bbb, Natália Deodato, de 22 anos, para desfilar na avenida.
Segundo Dia
Foi a Paraíso do Tuiuti quem iniciou a última noite de desfile carioca. Um enredo totalmente diferente dos anteriores falando sobre cultura pop, artistas, filmes e músicas.
Em seguida a Portela, maior campeã do Rio de Janeiro, trouxe em seu enredo a resistência, longevidade, sobrevivência e raízes profundas.
Mocidade, a terceira escola da noite, falou sobre Oxóssi, orixá caçador que vive nas matas. Para a apresentação a rainha de bateria, Giovana Angélica, raspou o cabelo em demonstração de respeito ao orixás.
Com um traço também diferente das demais, a Unidos da Tijuca fez um desfile mais artesanal, com elementos lúdicos e cores vibrantes. O enredo trouxe a história da lenda indígena do guaraná.
O segundo dia foi encerrado em grande estilo com a Grande Rio e Vila Isabel. Na frente da primeira estava Paola Oliveira representando Exu, orixá mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos. A última fechou a noite com Sabrina Satto homenageando o grande Martinho da Vila, sambista inesquecível e autor da famosa Roda Ciranda.